terça-feira, 15 de maio de 2012

Dueto de Genha Auga e Eduardo Samuel


SÓ A LUA ME FAZIA COMPANHIA

Andando pela rua às cinco horas da manhã,
só a lua me fazia companhia.
Repentinamente eu senti o seu perfume,
foi uma sensação de amor com nostalgia.

Enrolada nos lençóis que tem seu cheiro,
sinto como se você estivesse comigo,
viro-me num aconchego de um sono sereno
e, meu amor, durmo sonhando contigo.

Somente os nossos lençóis são as testemunhas
de toda a intensidade do nosso amor.
A lua captou e me enviou o seu perfume
no exato momento em que comigo sonhou.

O dia nos separa, nossos corpos juntam-se numa única alma.
Não te esqueço em nenhum momento,
razão de minha alegria, sentimento etéreo.
A noite chega e nos une num abraço eterno.

É nesse abraço que tudo se revela,
amor forte e verdadeiro. Sem espaço pra quimeras.
O calor do seu corpo me faz despertar
entre beijos e carinhos sempre vou te amar.

Mantenhas-me perto do teu coração.
Esse amor que sinto, é tanto que dói!
Ame-me apenas e viverei pra ti,
todas as horas que tenho de vida para nós

Crônica publicada em jornal online


LIBERDADE DO NEGRO
Genha Auga – Jornalista MTB: 15.320
  
Arrancados de sua terra natal, aqui foram escravizados, viveram em condições desumanas; amontoados em senzalas e sem condições de higiene, com alimentação precária, eram vendidos e submetidos aos trabalhos mais pesados.
Sem direito de praticar rituais, festas e a arte da capoeira, foram obrigados a seguir o catolicismo e abandonar sua religião. Massacrados e assustados, fugiam para os quilombos nas florestas tentando se libertar, mas eram perseguidos e acorrentados nos pelourinhos onde sofriam castigos físicos e açoitados como animais.
A vida inteira, submetidos à força, aprenderam os hábitos do homem branco e quando já velhos doentes e enfraquecidos, sem condições de produzir com o mesmo vigor, continuavam a trabalhar sem receber nada, até que, falsamente, foram libertados pela lei do sexagenário que mais favoreceu aos proprietários que lhes roubaram a vida e a dignidade.
 Nas mazelas da escravidão e na voz de intelectuais, nasceu o movimento abolicionista que embora mais por questões políticas do que humanas e pela necessidade de reconstruir um Brasil recém-independente, surgiu o pensamento de unir as raças pela liberdade.
Aos treze de maio de 1988 a Princesa Izabel assinou a Lei Áurea que libertou os Escravos.
Abolidos, sobreviveram e resistiram por séculos afora com a crueldade de uma nova realidade: a discriminação racial.
Lutando contra a desigualdade e pelos seus direitos de cidadania, nunca foram inseridos no mercado e na educação, ocuparam sempre cargos inferiores e trabalhos informais concorrendo com a força do homem branco.
Recuperada suas tradições, vivemos atualmente em uma sociedade de cultura afro-brasileira, graças a esses homens que interagindo no meio social em prol de sua raça, são parte integral da vida nacional e agentes de muita importância a quem devemos nossas conquistas e progresso.
O negro luta por um tratamento digno e justo e, pela falta de consciência que ainda se assola em nosso país, ainda sofre a exclusão. A que liberdade devemos então comemorar?  Não comemore. Lamente!
Faça nessa data uma reflexão e toque na pele do negro, sinta orgulho dessa miscigenação que originou a beleza do povo brasileiro, mas, que nega seu irmão por sua cor.